Os adolescentes e a internet

Freud afirma que a identificação permite ao sujeito a construção de uma representação de si mesmo e a descreve como a “mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa”.

O adolescente busca referenciais simbólicos com os quais possa se identificar e que lhes garanta uma identidade. Referenciais que possam lhe dar a resposta para “quem sou eu?”, resposta essa que não é dada de antemão, é construída. Atualmente não existe uma única resposta, uma única maneira de ser. Essa pluralização de referências tem, portanto, consequências diretas nas identificações nos dias de hoje.

No mundo virtual os adolescentes encontram uma multiplicidade de significantes e a internet se torna, assim, um dispositivo que oferece a eles a possibilidade de exercerem novas modalidades identificatórias e criarem novos laços.

Os adolescentes encontram maiores dificuldades em fazer a travessia para a vida adulta nos dias de hoje? Talvez sim, em função dessa multiplicidade de informações e referências simbólicas. Fazer escolhas torna-se ainda mais difícil num mundo cheio de ofertas de objetos de consumo, guiado por um imperativo hedonista e regido pelas imagens.

Quando escutamos os adolescentes, percebemos claramente que eles ainda recorrem aos ideais e referências da cultura para lidar com seus os impasses. Se a internet vem se tornando, cada vez mais, um dispositivo que oferece a eles a possibilidade de exercerem novas modalidades identificatórias, é importante e necessário que recebam auxílio para fazerem um bom uso do espaço virtual. Quando escutamos os adolescentes e acolhemos suas questões e angústias, abrimos espaço para que a palavra se enlace ao corpo e ao desejo, produzindo novos discursos e um saber-fazer singular diante dos impasses impostos pela própria adolescência e pelas mudanças subjetivas provocadas pela atualidade.

Texto: Helena Greco Lisita

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